segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Último Apelido

Que me desintegre a Rosa de Hiroshima antes mesmo que o sistema nervoso consiga entregar a mensagem em meu peito.

Que, em pleno ground zero, seu globo de plasma me varra para outras latitudes; Nagasaki, Nagoia, Osaka...

Que me desintegre a Rosa de Hiroshima, fazendo-me farelo de carbono num nanosegundo.

Sirva-me dessa colher de urânio, mulher. Não quero mais existir. Queime-me em sua fogueira atômica.

Que as porções coloridas do espectro de sua explosão sirvam para deixar sua fotografia ainda mais estarrecedora.

Que seus raios gama penetrem rapidamente em meus cromossomos, tornando-me, num milisegundo, em uma aberração.

Que suas reações de fissão me tragam o alvorecer da morte num piscar de olhos verdes.
E que aquele início de agosto de erradas decisões não mais apareça nos anais da história.


Exploda com todos seus recursos, Rosa de Hiroshima.
Exploda, mas não se esqueça de Pearl Harbor e seus silenciosos aviões.
Exploda e saiba que toda bomba, ao explodir, liberta luz.

2 comentários: