segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Futuro do Pretérito

Entendo tua agonia, futuro do pretérito.
Sempre acompanhado de ti um "se" condicional insiste em te trancafiar na escura cela das hipóteses.

Se tu fosses, nós seríamos...
Se tu quisesses, nós poderíamos...
Se tu sorrisses, nós formaríamos...

Ah, futuro do pretérito, tu nunca passastes de um tempo natimorto, triste, sedento pela chave que te libertaria da dúvida. Poderíamos, enfim, unir nossas forças temporais, fazer acontecer.
Entendo tua ira, enclausurado tempo verbal, tua solidão e teu enojamento pelo incerto, mas saibas que pouco posso fazer por ti; sou o agora, o hoje, o presente: eu faço, eu sou, eu vivo, eu calo.

Poderíamos ser como causa e consequência, harmoniosos, se não fosses tu o futuro do pretérito, cuja existência nunca se dará sem que a condição permita.
Que fique claro, pois, que não passas de um futuro do passado.
Ultrapassado.
Algo que poderia ser, mas não foi.

3 comentários:

  1. Não acredito no crédito
    Não acredito em canalha
    Não acredito no futuro do pretérito
    Eu acredito em honra
    Por isso, eu honro minha medalha
    De honra ao mérito

    black alien

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  2. Tulipa!

    Irado o texto!

    Curti a proposta da reflexão!

    Me fez pensar que talvez a situação de um futuro do pretérito incerto e condicionado possa ser melhor do que a de um pretenso perfeito ou mais-que-perfeito, aquele resoluto e este contínuo, porém ambos acabados, presos no pretérito cuja a única saída seria o futuro, ainda que em regime condicional! De qualquer maneira to contigo e num abro mão do presente, apesar de saber que é só uma questão de tempo!

    belo kick-up start em 2011!

    Viva Café no Pires!

    fui...

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  3. vibrante!

    todos os tempos são presentes. a diferença é que uns já foram, outros estão por vir; mas aquele que se esconde na escura cela da hipótese é como o nosso amigo que nunca nasceu.

    valeu Tulipa!

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