Fazer dos versos frios
Livre construção da espontaneidade
E manter vivos no espírito
Cândidos e Andrades?
Inspirar-se em páginas mestras
Clássicas letras da antiguidade
Ou correr em veias abertas
Gritos de silêncio e suspiros de saudades?
Aplicar a forma fria
Em prejuízo da humanidade
É semear a estética vadia
Em serenos campos de castidade.
Além de esquemas de rima,
Figuras de estilo e linguagem,
Antes uma poética ingênua
Em toda sua malandragem!
Ao dizer Dionísio bêbado
Ser do estóico Apolo
A contenção bobagem
Sorriu um baiano Gregório
Versou um ferino Bocage
Teceu sem morais um Vinícius
A um velho Jobim homenagem
E como Apolo levantasse
O Baco riso feneceu
Esquecera dos sonetos
De Glauceste e de Dirceu
E como marcante fosse
Não se deixara olvidar
Dos épicos decassílabos
De um lírico Luiz Vaz
Diga agora, poeta, para onde que tu vais?
Ser racional, objetivo, cínico e mordaz?
Introspectivo incorrigível de sensibilidade perspicaz?
Sujar com o rubro da guerra os alvos tempos de paz?
Não importa, poeta, já que sabes o que jaz
Além da existência pelos versos, impossíveis ou concretos,
Líricos ou épicos, banais ou imortais.
Se é com eles que lutas, isso poeta te faz!
hum estilo vem ganhando corpo.
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